Inflação médica segue muito acima do IPCA e pressiona empresas, operadoras e usuários. Custo do convênio já consome quase 16% da folha de pagamento empresarial.
Os custos com planos de saúde dispararam nos últimos dez anos e preocupam tanto empresas quanto trabalhadores. Segundo levantamento da consultoria Arquitetos da Saúde, o reajuste acumulado nos planos de saúde coletivos entre 2015 e 2025 chegou a impressionantes 383,5%, enquanto os planos individuais registraram aumento de 146,48% no mesmo período.
Para efeito de comparação, o IPCA acumulado entre 2015 e 2025 foi de 84%, evidenciando que a inflação médica é mais de quatro vezes maior que a inflação geral da economia.
Aumento dos custos pressiona folha salarial e preocupa empresas
Segundo dados da Mercer Marsh, os planos de saúde já representam, em média, 15,8% da folha de pagamento das empresas brasileiras em 2025 — um salto expressivo em relação aos 11,5% registrados em 2015.
Na prática, isso significa que, atualmente, as companhias gastam em média R$ 709,50 por colaborador com plano de saúde. Há uma década, esse valor era de R$ 225,23.
Crescimento do setor desacelera e mudança de perfil dos contratos preocupa
Entre 2021 e 2025, o número de novos beneficiários de planos de saúde vem diminuindo gradualmente:
- 2021: +1,4 milhão de contratos
- 2022: +1,5 milhão
- 2023: +690 mil
- 2024: +400 mil
- 2025 (jan-abr): +133,4 mil
Hoje, o Brasil conta com 52,3 milhões de beneficiários de planos de saúde, cerca de 25% da população, mesmo número de uma década atrás. O principal crescimento recente veio por meio dos planos PME (pequenas e médias empresas), sobretudo com até cinco vidas — alternativa à escassez de planos individuais no mercado.
Estratégia agressiva de operadoras movimenta o mercado
Um dado importante é o comportamento da Amil, que desde dezembro de 2024 vem adotando uma estratégia comercial agressiva, com descontos de até 40%, especialmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A informação consta em relatório do Bank of America, que alerta para o impacto na rentabilidade de operadoras concorrentes.
A Amil afirma que sua política de preços mais acessíveis se deve à eficiência no controle da sinistralidade, combate à fraude e foco no cuidado médico efetivo.
Reajustes continuam elevados, mesmo após pico de 2022
Após os aumentos mais intensos entre 2022 e 2024, os reajustes de 2025 seguem altos:
- Planos empresariais: média de 17,32%
- Planos PME: até 15% nas grandes operadoras
- Planos individuais: reajuste autorizado pela ANS foi de 6,06%
Em 2022, alguns contratos PME chegaram a ter aumento de 25%. O reajuste mais controlado nos planos individuais ocorre porque ele é regulado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Empresas repassam custos aos funcionários — mas isso pode gerar passivos futuros
Com os reajustes elevados, o número de empresas que compartilham o custo do plano de saúde com os colaboradores voltou a crescer. Em 2021, apenas 36% das companhias cobravam uma parte dos funcionários. Já em 2025, esse índice subiu para 55%.
Atenção: empresas que cobram parte do convênio dos funcionários podem gerar passivos jurídicos. Isso porque, segundo a legislação, colaboradores demitidos ou aposentados que contribuíram por mais de 10 anos podem manter o plano de forma vitalícia, pagando integralmente por conta própria. Para evitar riscos, muitas empresas estão concentrando a coparticipação nos dependentes, e não nos titulares.
Inflação médica é estrutural e tende a crescer
O avanço dos custos na saúde suplementar tem causas estruturais:
- Envelhecimento populacional
- Incorporação de novas tecnologias médicas
- Doenças crônicas em alta
- Judicialização crescente
- Rol obrigatório de coberturas cada vez mais amplo
A inflação médica estimada para o Brasil em 2025 é de 12,7%, superior à média global, que é de 10,9%, segundo a Mercer Marsh.
O desafio das empresas: controlar custos sem perder atratividade
A gestão de benefícios corporativos, especialmente do plano de saúde, tornou-se um desafio estratégico para as empresas. Além de representar um dos maiores custos fixos, o benefício impacta diretamente o engajamento, a produtividade e o bem-estar dos colaboradores.
O cenário atual exige negociação inteligente com operadoras, monitoramento da sinistralidade, iniciativas de saúde preventiva e consultoria especializada para garantir contratos equilibrados e sustentáveis no longo prazo.
📌 Conclusão
O reajuste acelerado dos planos de saúde coletivos no Brasil representa um ponto de atenção para empregadores, gestores de RH e profissionais da saúde suplementar. Mais do que nunca, é fundamental adotar estratégias que conciliem custo, cobertura e qualidade — com foco na sustentabilidade dos contratos e no cuidado real com as pessoas.
🔎 Quer entender como otimizar seu plano de saúde empresarial?
A Única Corretora de Seguros tem mais de 35 anos de experiência em gestão de saúde corporativa, com soluções sob medida para pequenas, médias e grandes empresas.
Fale com um de nossos especialistas e descubra como reduzir custos sem perder qualidade de atendimento.