Orçamento

Apenas 27% dos profissionais veem suas empresas como promotoras de saúde mental

Segundo o levantamento, só 27,6% dos profissionais recomendariam suas empresas como promotoras de saúde mental, enquanto 46,3% não fariam essa recomendação. Para Tatiana Pimenta, CEO da Vittude, o dado mostra claramente que a maturidade das empresas no tema ainda é baixa.

Para ser considerada promotora de saúde mental, a empresa precisa ir além do discurso: é necessário ter políticas estruturadas, liderança preparada, prevenção de riscos psicossociais e acesso organizado ao cuidado. Em outras palavras, saúde mental não é pauta exclusiva do RH — é tema de negócio.

Quatro estágios de maturidade

A pesquisa classifica as empresas em quatro níveis:

  1. Negligência: o tema é ignorado ou atribuído ao indivíduo.
  2. Conscientização: ações ainda reativas, geralmente ativadas apenas quando o problema já está evidente.
  3. Estratégia: surgem políticas estruturadas, orçamento dedicado e capacitação de líderes.
  4. Reinvenção: saúde mental como pilar de cultura, métricas claras e coerência entre discurso e prática.

Hoje, a maioria das empresas brasileiras ainda se concentra entre negligência e conscientização.

Retrocesso recente

Com o adiamento da vigência da norma que exige mapeamento de riscos psicossociais (NR-1) para 2026, muitas empresas desaceleraram iniciativas que estavam em andamento. O resultado? Mais tempo sem estrutura adequada para lidar com um problema que só cresce — e que tem impacto direto em custos humanos e financeiros.

Estudos da OIT e da OMS estimam que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos todos os anos por depressão e ansiedade, gerando um impacto de US$ 1 trilhão na economia global.

A realidade brasileira

Os números reforçam a urgência: o Brasil é o país mais ansioso do mundo e o quinto em casos de depressão. Isso significa que uma parcela significativa da população já convive com algum nível de sofrimento psíquico — e o ambiente de trabalho pode agravar ou aliviar essa carga.

Não se trata apenas de evitar que o trabalho adoeça o colaborador. Trata-se de construir ambientes que acolham, apoiem e ofereçam condições reais para que as pessoas possam cuidar da própria saúde.

Falta de condições reais para o autocuidado

A pesquisa também mostra que os profissionais sabem o que faz bem para a saúde mental: descanso, limites, atividade física, menor consumo de álcool. O problema é que essas práticas se tornam inviáveis em ambientes que exigem produtividade contínua.

Modelos de gestão antigos, focados em controle e disponibilidade total, ainda predominam — e transformam descanso em luxo.

Autopercepção positiva que pode mascarar sofrimento

Apesar do cenário desafiador, 38% avaliam sua saúde mental como positiva e 28,8% se consideram muito saudáveis. Mas, segundo a especialista, esses dados precisam ser vistos com cautela. O chamado “sofrimento silencioso” é real: muitos colaboradores mantêm a performance, mas enfrentam ansiedade, insônia ou exaustão.

Outros 26% estão no meio termo: nem bem, nem mal — justamente onde frequentemente começam os sinais de esgotamento.

Impactos diretos no trabalho

Os transtornos mentais já figuram entre as principais causas de afastamento. Apenas no Brasil, os benefícios por incapacidade temporária relacionados à saúde mental cresceram de 201 mil em 2022 para 472 mil em 2024 — mais que o dobro.

Como os profissionais percebem o trabalho hoje

Na pesquisa:

  • 48% afirmam que o trabalho impacta negativamente sua saúde mental;
  • 66,1% dizem que o estresse profissional já prejudicou sua saúde mental;
  • A maioria dos participantes é mulher (55,85%) e 43% vivem no Sudeste.

Título da Matéria: Só 27% veem empresa como promotora de saúde mental
Fonte: Valor Econômico
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