As mudanças climáticas já impactam diretamente a saúde da população e colocam pressão crescente sobre os sistemas de atendimento. O aumento das temperaturas, a poluição e a intensificação de eventos extremos — como enchentes e secas — elevam a ocorrência de doenças respiratórias, cardiovasculares e infecciosas.
Durante a COP30, em Belém, o presidente do Hospital Albert Einstein, Sidney Klajner, reforçou a urgência dessa pauta: “Não há como falar de saúde da população sem considerar os efeitos das alterações climáticas — um tema ainda pouco presente nas discussões sobre clima.”
Uma plataforma que conecta clima, saúde e dados socioeconômicos
Para apoiar gestores na tomada de decisão, o Einstein está lançando a plataforma MAIS (Meio Ambiente e Impacto na Saúde). O sistema integra dados ambientais, indicadores de saúde e informações socioeconômicas, formando um painel interativo com informações de mais de 5,5 mil municípios.
A ferramenta reúne variáveis como:
- Temperatura
- Níveis de poluição
- Umidade
- Indicadores de internações, óbitos e doenças
- Dados socioeconômicos municipais
Ao cruzar essas informações em tempo real, a plataforma permite antecipar riscos, prever picos de demanda e orientar estratégias de prevenção.
IA e big data para antecipar cenários
Ainda em fase de testes, o sistema utiliza dados de estações meteorológicas, inteligência artificial e análise avançada para prever impactos no atendimento.
Segundo Klajner, o objetivo é claro: fornecer evidências concretas para decisões rápidas e precisas.
Ele explica: “Se conseguimos prever os efeitos de uma queimada, por exemplo, podemos preparar melhor hospitais e a população. O gestor precisa de informação confiável para agir.”
Clima já tem impacto econômico expressivo
O Relatório Lancet Countdown América Latina 2025 aponta que os desastres climáticos custaram US$ 19,2 bilhões à região em 2024 — valor equivalente a 0,3% do PIB latino-americano. O Brasil absorveu dois terços dessa conta.
A COP30, segundo Klajner, tem sido fundamental para ampliar o diálogo entre governos, instituições de saúde, ciência e empresas, fortalecendo alianças para enfrentar desafios complexos.
Sustentabilidade como pilar do Einstein
A agenda sustentável não é nova para o hospital. Desde 2011, o Einstein adota práticas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e mantém parcerias com iniciativas como o Pacto Global e a Sabesp.
Alguns avanços:
- 72% da energia consumida pelo hospital já vem de fontes renováveis
- 95% de redução no uso de óxido nitroso na unidade Morumbi
- Substituição de plásticos por materiais recicláveis
- Troca gradual da frota de ônibus de colaboradores por veículos elétricos
Klajner destaca que a revisão dos padrões de consumo e descarte no hospital é contínua — e envolve desde materiais até processos internos.
Engajar fornecedores ainda é um desafio
Para incentivar boas práticas, o Einstein passou a adotar um sistema de pontuação para fornecedores. Aqueles com baixo desempenho podem receber auditorias e orientações para evoluir em sustentabilidade.
Título da Matéria: Einstein lança sistema que usa dados climáticos para antecipar demanda em saúde
Fonte: Valor Econômico
Link: Leia a matéria completa