Temas como integração público-privada, tecnologia, judicialização e fraudes serão debatidos no evento – Por Abramge e Estadão Blue Studio – 10/11/2024 | 00h01
A integração entre os setores público e privado da Saúde é uma estratégia indispensável para melhorar o atendimento médico no Brasil. Este será o foco principal do 28º Congresso da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), que reunirá especialistas e gestores para debater tendências e desafios no setor (detalhes no site da Abramge).
Entre os palestrantes, estará Theresa May, ex-primeira-ministra do Reino Unido, conhecida por fortalecer o National Health Service (NHS) durante seu mandato (2016-2019). O modelo híbrido inglês é referência em integração público-privada. “Theresa May foi fundamental na transformação do NHS, um exemplo de disciplina e inclusão”, afirma Gustavo Ribeiro, presidente da Abramge.
Tecnologia e planejamento conjunto
A interoperabilidade de dados é crucial para integrar Saúde pública e privada, otimizando atendimentos e recursos. Planejar em conjunto, especialmente no caso de medicamentos de alto custo, é essencial para garantir acesso igualitário, com ou sem plano de saúde.
Judicialização e fraudes: obstáculos à expansão
Apesar de atender cerca de 50 milhões de pessoas — número estagnado há uma década —, a Saúde suplementar enfrenta custos crescentes, impulsionados por fraudes e judicializações indevidas. Estes desafios limitam o acesso e prejudicam a sustentabilidade do sistema.
Fraudes incluem uso indevido de carteiras, reembolsos falsos e tratamentos fora das coberturas contratadas. Judicializações indevidas, muitas vezes relacionadas a tratamentos de alto custo, custaram R$ 5,5 bilhões em 2023, quase igualando o prejuízo total do setor (R$ 5,9 bilhões). Segundo Ribeiro, essa insegurança jurídica afeta investimentos e dificulta a gestão eficiente.
O papel da Abramge e possíveis soluções
Fundada em 1966, a Abramge representa 140 operadoras, abrangendo 17 milhões de beneficiários (35% do setor). Para Ribeiro, integrar os sistemas é vantajoso para ambas as partes: “Quanto mais beneficiários na Saúde suplementar, maior será o alívio para o SUS”.
Entre as propostas da entidade está criar planos acessíveis, focados em consultas e exames, que poderiam atender 20 milhões de novos usuários, reduzindo a pressão sobre o SUS. A entidade também defende a criação de uma agência única para equilibrar tecnologias e custos entre os setores.
Exemplos internacionais e desafios futuros
Ribeiro destaca o NHS inglês como modelo de gestão racional, contrastando com o colapso do sistema privado chileno após regulamentações inadequadas. Ele reforça a importância de aprender com experiências internacionais para evitar problemas similares no Brasil.
Apesar de desafios como a inflação médica, o mau uso de recursos e as fraudes — que representam 13% dos custos do setor, ou R$ 34 bilhões anuais —, o setor tem alta taxa de resolutividade (90%) e está longe de liderar reclamações de consumidores, ocupando apenas a 18ª posição no site consumidor.gov.
Buscando equilíbrio
O Supremo Tribunal Federal (STF) também reconhece a Saúde como uma área de insegurança jurídica, ao lado dos setores trabalhista e tributário. Iniciativas como os NatJus, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), auxiliam magistrados com evidências técnicas para decisões mais embasadas.
Com foco em integração e sustentabilidade, o 28º Congresso da Abramge se torna um espaço fundamental para traçar estratégias que moldem um futuro mais eficiente para o sistema de Saúde brasileiro.
Título da Matéria: Futuro da Saúde em discussão no 28º Congresso da Abramge
Fonte: O Estado de São Paulo
Fonte da imagem: Divulgação/ Abramge